Apenas considerada espécie em 2008, o Paínho-de-Monteiro é uma ave pelágica endémica dos Açores, sendo que toda a sua população nidifica apenas nos ilhéus que ladeiam a ilha da Graciosa.
Descrição
O Hydrobates moneteiroi é uma pequena ave, sendo a menor ave marinha dos Açores. O seu tamanho varia entre os 18-20 cm de comprimento e os 35 e 60 g de peso. Esta apresenta uma cor escura em todo o seu corpo, à exceção do seu uropígio (zona onde se inserem as penas da cauda), que é branco ou acinzentado.
Comportamento
Especula-se que o Paínho-de-Monteiro habite a maioria dos ilhéus que rodeiam a ilha da Graciosa, bem como da ilha das Flores. No entanto, só é confirmada a nidificação destes no Ilhéu da Praia e no Ilhéu de Baixo da ilha da Graciosa.
O Paínho-de-Monteiro atinge a idade de reprodução aos 2 anos de idade e é capaz de viver até aos seus 20 anos.
Tipicamente a sua dieta baseia-se em pequenos peixes e lulas, sendo que esta ave mergulha apenas alguns centímetros para realizar a sua caça. Outrora, durante a época de caça à baleia, o Paínho-de-Monteiro era frequentemente avistado a alimentar-se restos de carcaças de baleias.
História
O reconhecimento do Paínho-de-Monteiro como espécie originou dos estudos de, então investigador, Luís Rocha Monteiro durante o seu doutoramento. Este verificou que as duas formas sazonais do Paínho-da-Madeira (Paínho-da-Madeira-de-época-quente e o Paínho-da-Madeira-de-época-fria) apresentavam diversos comportamentos e características diferentes. A morfologia e dieta do Paínho-da-Madeira-de-época-quente variavam do Paínho-da-Madeira-de-época-fria, apesar de serem reconhecidas como sazonalidades da mesma espécie. Daí foram realizados estudos que comprovaram diferença genética entre os dois, levando à consideração do Paínho-da-Madeira-de-época-quente como uma espécie distinta. Assim, foi nomeada de Paínho-de-Monteiro, em homenagem ao Doutor Luís Monteiro, que já havia tragicamente falecido num acidente de avião em 1999.
Em 2021 o Paínho-de-Monteiro foi eleito Ave do Ano, resultante de uma votação online. Este “concurso” decorreu de um esforço pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves para dar a conhecer e sensibilizar sobre esta curiosa espécie Açoriana endémica.
Estado de conservação
Devido ao seu local único de nidificação, encontra-se atualmente em estado vulnerável, sendo que os seus números rondam os 250 e 300 casais. O Ser humano não constitui grande ameaça para o Paínho-de-Monteiro, dado que esta ave nidifica em lugares de difícil acesso. Assim, as suas maiores ameaças são constituídas por pequenos mamíferos como ratos e gatos e também aves de presa.
Ao longo dos anos têm sido realizados diversas iniciativas de proteção e conservação desta espécie, como por exemplo a construção de ninhos artificiais.
Onde encontrar e observar
A sua observação é feita unicamente no mar, sendo esta mais frequente entre os meses de abril e setembro, na costa norte da ilha e perto do ilhéu de Baixo na zona sudeste da ilha.
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