O 1º dia do mês de maio é celebrado nos Açores de forma especial e com a presença de um elemento único, o “Maio”. Mas antes de explicarmos o que é o “Maio”, vamos voltar um pouco atrás no tempo e contextualizar o surgimento destas celebrações.
O mês de maio é o quinto mês do calendário que todos nós conhecemos e tem 31 dias. O nome do mês advém da deusa Maia, também conhecida por Bona Dea, deusa da primavera e da fertilidade da mitologia romana, sendo que os romanos denominavam este mês de “Maius” devido ao nome da deusa.
Ora, o mês de maio é festejado com diversas tradições pela Europa fora. Estas tradições remontam precisamente às festas pagãs realizadas na Roma Antiga em homenagem à deusa que referimos acima. Os rituais pagãos tinham por objetivo celebrar a afirmação da primavera, estacão do ano onde se dá um despertar da natureza. Os mesmos estavam associados a um forte sentido rural, sendo que a época em questão dava por terminado o inverno, o que porventura significaria uma época de boas colheitas agrícolas.
Portugal e as suas regiões autónomas também têm tradições associadas ao mês de maio, mais precisamente ao primeiro dia desse mês, conhecido por ser o Dia do Trabalhador e que é assinalado como feriado nacional. Uma das mais expressivas e que realmente conseguiu perdurar no tempo foi a tradição dos “Maios”.
Os Açores não fogem à regra e, sendo um povo muito dedicado às tradições e à cultura, também celebram o feriado nacional com a realização dos “Maios”.
Acredita-se que tenha sido trazida pelos primeiros povoadores das ilhas para assinalar a altura do verão e para dar sorte nas colheitas. Ainda, é interessante referir que em alguns locais acredita-se que, de alguma forma, a presença dos “Maios” agrada os espíritos.
Os “Maios” são bonecos artesanais que representam pessoas do quotidiano. Por norma, a sua construção é feita a partir da utilização de materiais velhos (trapos), descartáveis e variam consoante a criatividade de cada um. Os bonecos são construídos à semelhança de uma pessoa normal, em formato e tamanho, tentando representar as atividades e os ofícios do dia a dia dos açorianos, tais como: os agricultores, os pescadores, os pastores, as lavadeiras, o folclore, os cantoneiros, entre tantas outras profissões, tradições e traços etnográficos dos Açores (como as romarias).
Além dessas representações, muitas vezes o “Maio” é o veículo utilizado para expor algumas críticas ou sátiras sociais, podendo mesmo representar algumas figuras atuais da sociedade.
Depois de concluída a sua construção, os bonecos são expostos, em pé ou sentados, à porta, à janela, na varanda e nos balcões das casas das pessoas ou até mesmo nas praças mais movimentadas e centrais das freguesias com o propósito de atrair a atenção das pessoas.
Esta é uma tradição mais visível em algumas das freguesias das ilhas de Santa Maria, São Miguel, São Jorge, Graciosa e Terceira.
Além das pessoas particulares, em conjunto com as suas famílias, alinharem no convívio e na diversão que é construir um “Maio”, a tradição vai se mantendo viva graças aos incentivos das Câmaras Municipais (que vão criando concursos), às escolas, às diversas entidades e associações que tentam sempre criar o seu próprio boneco.