A construção dos presépios de “lapinha” é uma arte cultural secular dos Açores, em específico da ilha de São Miguel. A sua feitura é cada vez mais comum, fruto dos vários workshops criados para esse mesmo efeito. O número de pessoas que os produzem tem aumentado ano após ano e a presença de um presépio de lapinha é quase “obrigatória” nesta época natalícia.
Os presépios de lapinha são autênticos presépios em miniatura e remontam ao século XVI. Surgiram pela primeira vez na ilha de São Miguel devido à fixação da Ordem dos Franciscanos. Desde então que fazem parte da identidade cultural do povo micaelense.
Nasce pela primeira vez da mão das freiras desses conventos religiosos da Ordem dos Franciscanos e estas decoravam os presépios literalmente com os elementos que “tinham à mão”. Pequenas conhas, flores artificiais, penas, escamas de peixe, musgo seco, papel, algodão e pequenas figuras de barro para representar a Sagrada Família.
A figura e o tema central dos presépios é, desde sempre, a Sagrada Família e o nascimento do Menino Jesus. Outros dos temas adicionais dos presépios são a representação da vida quotidiana, tais como as matanças do porco, as procissões e as romarias. A gruta abriga a Sagrada Família e em torno dela organizam-se todos os outros elementos.
O presépio foi sofrendo ao longo dos tempos algumas melhorias e novas técnicas de construção, e acabaram por ficar muito conhecidos. As figuras de barro eram produzidas por artesões locais – os bonecreiros – que modelavam a matéria bruta até formar as pequenas peças, as quais eram pintadas à mão. As fábricas de barro depois deram conta do recado. O barro era cozido, vidrado e pintado, já a partir da 2ª metade do século XIX, e assim deu-se o aperfeiçoamento dos bonecos de presépio – passaram a ser produzidos segundo uma técnica de molde.
Cerâmica Figurativa para presépio Fotografia de CRAA
A escultura dessas peças figurativas sempre esteve intimamente associada à tradição de natal de montar o presépio.
As flores artificiais usadas no presépio eram também produzidas pelas freiras da Ordem dos Franciscanos, são conhecidas por “flores de freiras”. Os presépios de lapinha são uma peça delicada, e por isso são resguardados no interior de uma redoma ou até mesmo em pequenas caixas de vidro para serem facilmente expostos e o seu recheio ser facilmente apreciado por qualquer um.
O presépio de lapinha é o 14º produto que integra a lista da Marca Açores e foi certificado pelo Governo Regional dos Açores como uma peça do “Artesanato dos Açores”.