O Cagarro (calonectris borealis) é uma das aves mais emblemáticas do arquipélago dos Açores. É uma ave migratória que nidifica nos Açores, chegando ao conjunto insular em finais de fevereiro – do oeste de África e este do Brasil -, onde passa a estação do Inverno. Além de nidificar nos Açores, esta é a ave marinha que mais abunda no arquipélago, tendo sido registado, em 2010, perto de 190.000 casais reprodutores. E como se já não bastasse ser a mais abundante, essa nidificação nos Açores é responsável por representar cerca de 75% da espécie a nível mundial.
Os cagarros são excelentes voadores marítimos e conseguem voar durante algumas horas sem bater as suas asas. Vivem em grupo durante todo o ano, tanto em terra como no mar e beneficiam de ajuntamentos de golfinhos e atuns, conseguindo dessa forma capturar alimento do mar (a pouca profundidade).
A sua dieta baseia-se em peixes de pequeno porte, tais como: o chicharro, a cavala, peixes-pau, lula e crustáceos.
É um animal de porte médio e facilmente consegue ser identificado pelas caraterísticas. Pela cor das suas partes superiores (cinza acastanhado), partes inferiores (brancas) e bico (amarelo) comprido. É um animal desajeitado e quando aterra tem de se deslocar em terra.
É possível ser observado entre abril e novembro, sobretudo no mar onde realiza as suas travessias entre ilhas. Também, em costa onde nidificam. O som que o animal produz é único e facilmente reconhecido. Em São Miguel (Boca da Ribeira e Mosteiros), em Santa Maria (Vila do Porto), na Terceira (Fajã da Serreta e Monte Brasil), no Pico (Ponta da Ilha), em São Jorge (Velas, Calheta e Topo), no Faial (Monte da Guia e Capelinhos), na Graciosa (Santa Cruz e Ponta da Barca), nas Flores (Fajãzinha e Ponta Delgada) e na ilha do Corvo.
Nos meses de outubro e novembro, os cagarros juvenis, com cerca de 3 meses de idade, saem pela primeira vez dos seus ninhos e correm vários perigos. Os cagarros orientam-se, maioritariamente, pela luz das estrelas, mas são afetados e atraídos pelas fortes luzes artificiais (automóveis e das cidades). Dessa forma, ficam desorientados e colidem, podendo até mesmo correr o risco de serem atropelados.