Na ilha Terceira a tourada faz parte do seu vasto de tradições, sendo a mais antiga tradição de folguedo popular no arquipélago dos Açores. Podem ser chamadas de tourada à corda, toirada à corda ou corrida de touros à corda e é considerado um divertimento tauromáquico na ilha Terceira. Deste modo, as touradas à corda são um elemento ancestral cultural que caracteriza o povo terceirense e foi iniciada pelos primeiros povoadores que aproveitaram o excesso de gado que a ilha providenciava. O povo terceirense vive de forma interessante e entusiasmante as touradas tal como todas as outras tradições e festas.

Touradas à Corda
A tourada à corda caracteriza-se pela corrida de quatro touros da raça brava no decorrer de um arraial montado numa rua ou numa estrada, sendo que o percurso tem que ter, regra geral, o máximo de 500 metros. O touro é controlado por uma corda que se encontra atada ao seu pescoço, daí surge a designação de tourada à corda, sendo o touro segurado por seis homens – pastores – que têm como função conduzir a lide e impedir a saída do touro do troço de via que está estipulado. Os membros do público, geralmente rapazes, podem participar na tradição e após a lide os animais são colocados em pastagens, podendo ser outra vez utilizados para a tradição, mas com um descanso mínimo de oito dias. A época taurina decorre entre 1 de maio e 15 de outubro, sendo que o início da tourada pode variar entre as 16h00 e as 18h30 de 1 de Maio e 31 de Agosto e entre as 16h00 e as 18h00 de 1 de Setembro a 15 de Outubro. A tourada tem uma duração máxima de 2h30 (entre 15 a 30 minutos para cada touro, além dos intervalos).
A primeira vez que se sabe que aconteceu tourada à corda foi em 1622, ano em que a Câmara de Angra do Heroísmo programou o evento das touradas à corda enquadrado nas celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Laiola. No entanto acreditasse que essa tradição já ocorressem há muito tempo, daí ter sido incluída num evento oficial da Câmara.
Ao longo dos tempos a realização de corridas de touros à corda foi adquirindo um conjunto de características, normas e regras de cariz popular que hoje são legalmente codificadas. Essas normas estabelecem, não mais nem menos, que os procedimentos de saúde e bem-estar animal a seguir em relação aos touros que participam nas touradas, os sinais correspondentes aos limites do arraial através de riscos no chão e os sinais a usar na largada e na recolha do touro – foguetes. É obrigatório, por lei, que os touros estejam devidamente embolados. Se durante a tourada uma das bolas de metal ou couro cair é necessário o touro ser recolhido. De forma a proteger os espetadores, os touros têm sempre a ponta dos chifres cobertos por algo que proporcione alguma proteção. Para além disso, as viaturas adaptadas à venda de comida e bebida para os espetadores encontram-se fora dos limites do percurso da tourada e dentro dos limites do percurso da tourada supõe-se a vedação de todos os espaços que possam representar perigo ou insegurança para as pessoas.
Nos limites do percurso estão dois agentes da polícia de segurança pública (um junto a cada um dos riscos) que controlam o estacionamento e passagem de viaturas pelo percurso da tourada.
É importante salientar algumas recomendações de segurança para quem vai assistir às famosas touradas à corda:
- Deve chegar ao local onde se vai realizar a tourada pelo menos 30 minutos antes do início da mesma;
- Se chegar ao local e o touro já tiver saído, é necessário aguardar antes do risco até o touro ser recolhido (após ouvir os dois foguetes que sinalizam a recolha do animal);
- Assistir a tourada num local seguro. Os proprietários dos palanques, casas, varandas, oferecem, normalmente, um lugar a quem lhes pede para assistir à tourada na sua propriedade;
- Assistir à tourada no caminho pode ser perigoso e caso queira faze-lo é importante não se aproximar do touro, ficando junto de locais onde possa facilmente fugir/proteger-se do touro;
- É importante não atiçar ou provocar o touro, pois este pode fazer investida sobre si;
- Caso o touro faça investida sobre o local onde está a assistir à tourada é importante afastar-se para outra zona onde o touro não tenha acesso;
- Os foguetes são, normalmente, atirados de forma a não caírem dentro do percurso da tourada. Apesar disso, é importante ter atenção quando os foguetes são lançados;
- É importante zelar pela integridade física do animal ou de qualquer pessoa que participe na lide, evitando atirar ou abandonar no trajeto da tourada objetos ou materiais;
- Se tiver viatura é importante estaciona-la fora dos limites do percurso da tourada. É proibido o estacionamento de qualquer meio de transporte dentro do trajeto da tourada;
- No intervalo, caso queira dirigir-se à tasca, é importante ter em atenção a saída do touro, sendo que cada intervalo pode durar entre 10 a 15 minutos;
- É importante manter-se distante do animal; caso queira filmar ou tirar-lhe uma fotografia manter a distância é fundamental;
- É importante que neste tipo de manifestações zele pela sua segurança e pela dos outros.
Para além das famosas touradas à corda, a ilha da Terceira é também conhecida como a ilha da tourada de praça. A Praça de Toiros é uma arena que foi construída após o sismo de 1 de janeiro de 1980 e ao longo dos anos tem vindo a sofrer alterações de forma a aproximar a qualidade dos serviços à qualidade dos grandes e conhecidos centros de tauromaquia mundial. No decorrer do ano realizam-se diversas touradas, sendo que o auge é na Feira Taurina de São João, com projeção mundial, realizada durante as Sanjoaninas, em torno do dia 24 de junho de cada ano.