A denominação do arquipélago dos Açores sempre teve à sua volta uma grande questão: porque é que o arquipélago de nove ilhas vulcânicas recebeu o nome de “Açores”? Ora, para responder a esta questão é necessário recuarmos um pouco no tempo até à altura do seu descobrimento.
O descobrimento dos Açores está inserido no projeto de expansão marítima portuguesa levado a cabo por Infante D. Henrique, no séc. XV. Em 1415, após Portugal ter conquistado Ceuta, os portugueses partiram rumo ao Ocidente à busca de novas terras. Neste sentido, vinham a atracar as suas embarcações nas Canárias (onde já haviam atracado no séc. XIV), na Madeira e, por ventura, nos Açores, em 1427.
Esta data está próxima do povoamento da Madeira. Com a ponte que foi criada entre o território continental português e a Madeira tornou-se ainda mais viável a descoberta dos Açores.
Diogo Silves, em 1427, depara-se com o arquipélago açoriano. Este era um piloto do rei, levando a cabo a missão da descoberta de novo território e fortalecer dessa forma o poderio Português. Apesar da sua descoberta em 1427, os Açores só começam a aparecer corretamente cartografados em 1439, no mapa do cartógrafo Gabriel Vallseca.
Tendo em conta este enquadramento, surge então novamente a questão: qual a origem da designação de Açores a estas ilhas?
Existem algumas teorias que poderão responder a esta pergunta, fique atento.
Uma delas passa pela devoção de Frei Gonçalo Velho Cabral, primeiro povoador dos Açores, a Santa Maria dos Açores, padroeira da freguesia dos Açores em Celorico da Beira. Além do nome do arquipélago, paira no ar a teoria de que Santa Maria, a primeira ilha a ser descoberta nos Açores, recebeu o nome desta mesma padroeira. Outra passa pela relação entre a palavra italiana “azzuri” utilizada pelos marinheiros genoveses ao serviço de Portugal. Por fim, a mais conhecida e aceite como motivo pela qual o Arquipélago dos Açores foi denominado de “Açores”, passa pelo facto de os descobridores do arquipélago terem avistado, em abundância, o pássaro Açor.
Segundo os relatos de Diogo Gomes, os navegadores portugueses que rumaram para Ocidente em busca de novas terras encontraram várias ilhas desertas e observaram várias aves, desde milhares e açores.
Todavia, não havia uma distinção clara entre as duas aves. Gaspar Frutuoso, autor da obra “Saudades da Terra”, refere nessa mesma obra que no seu tempo não existiam açores, mas sim milhafres e admite que os descobridores terão confundido as duas espécies, pelo que o arquipélago deveria ter-se chamado, segundo esse facto, Arquipélago dos “Milhafres”.
Açor (accipiter gentilis)
Milhafre (buteo buteo rothschildi)
José Augusto, lança a versão de que, antes dos navegadores portugueses terem chegado ao arquipélago, não haviam condições para a existência de milhafres nas ilhas e que esses mesmo milhafres terão vindo com os navegadores. Mais tarde, e baseado numa passagem de Martim Behaim (cosmógrafo que viveu no arquipélago no séc. XV) o autor adianta ainda outra explicação, que é a seguinte: tendo desembarcado os descobridores no arquipélago, não terão encontrado açores nem milhafres, mas sim ilhas desertas e aves com caraterísticas dóceis e que aparentavam ser de fácil domesticação. Tendo em conta essa referência, qual é que é a ave que apresenta tais caraterísticas? O Açor.
O facto de terem encontrado essa espécie de ave tão mansa e calma, terá impressionado os navegadores mandados pelo Infante D. Henrique de tal maneira ao ponto de dotar o arquipélago com essa denominação.