A freguesia das Sete Cidades, da ilha de São Miguel, possui uma inigualável beleza fruto do seu magnífico vale e da sua bela lagoa. Apesar desta lagoa ser o maior reservatório de água doce dos Açores, é também um lugar que apresenta várias lendas à volta da sua origem. Neste artigo, iremos apresentar uma das mais conhecidas na gíria popular e que o irá deixar com a curiosidade acesa.
A lenda conta-nos que no lugar da freguesia das Sete Cidades, há muitos anos atrás, existia um reino onde habitava uma esbelta princesa de olhos azuis. Esta princesa, ao contrário de muitas outras, adorava a vida do campo. Algumas das suas atividades preferidas eram passear pelos verdejantes campos de São Miguel, onde esta tinha a possibilidade de sentir a verdadeira essência da natureza. Passava os seus dias sentido o cheiro das flores, molhando os pés nas ribeiras e admirando as paisagens que os vales que rodeavam o seu reino providenciavam.
Num dos dias em que a princesa ocupava o seu tempo fazendo aquilo que foi referido mais acima, esta deparou-se com um rebanho. Cuidando desse rebanho, encontrava-se um pastor de olhos verde, o qual a princesa decidiu dirigir a palavra.
Desta conversa, longa, os dois falaram de muitos temas, entre estes as flores, os animais e as coisas mais simples que a natureza oferece, como era o caso da beleza que rodeava o que sítio que habitavam.
À medida que o tempo foi passando, a princesa e o pastor foram continuando a ter estes encontros que acabaram por culminar numa grande paixão entre ambos.
Pouco tempo depois, chegou aos ouvidos do rei, pai da princesa, que a sua filha andava a se encontrar com o tal pastor, algo que não agradou de todo o rei. O rei pretendia, como qualquer outro, que a sua filha se casasse com um príncipe, de modo a que tivesse uma vida afortunada. Deste modo, o rei proibiu a sua filha de voltar a ver o pastor, decisão esta que veio a destroçar o coração da princesa.
Apesar da sua dor, esta acatou a decisão do seu pai, apenas com uma condição – voltar a ver o pastor uma última vez. Comovido, o rei aceitou a condição da sua filha. A princesa e o pastor voltaram a se encontrar, pela última vez, nos mesmos campos verdejantes onde haviam se conhecido pela primeira vez. A conversa foi longa e ambos aproveitaram para falar sobre os seus sentimentos, mas também sobre a sua separação. A dor da separação foi algo que abalou o pastor e a princesa de uma forma intensa.
Reza a lenda que ambos choraram tanto que, a princesa de olhos azuis, formou uma lagoa azul e, o pastor de olhos verdes, formou uma lagoa verde.
Hoje as duas lagoas são unidas, tal como o desfecho que a princesa e o pastor desejaram para o seu futuro.