A prática dos Romeiros de São Miguel, anteriormente designada de “visita às casinhas de Nossa Senhora”, afirma-se como um fenómeno de grande importância etnográfica devido à originalidade dos elementos usados e também à persistência que esta tradição teve em se manter ao longo dos séculos.
Crê-se que esta tradição teve início durante os terramotos e erupções vulcânicas do séc.XVI, em Vila Franca do Campo, como uma resposta por parte da população para acalmar a fúria desses desastres naturais.
Com o passar dos anos, as paróquias das várias freguesias começaram a organizar romarias, que consistem em caminhadas de fé a pé à volta de toda a ilha, durante 8 dias.
Durante essas caminhadas, os grupos de romeiros – entre 30 a 200 em cada freguesia – vão parando pelas várias igrejas e ermidas – cerca de 100 templos -, venerando a Virgem Maria e o Santíssimo Sacramento.
Os romeiros costumam pernoitar nos salões paroquiais das igrejas ou em algumas casas de pessoas que se disponibilizam para os acolher. Alguns dos seus familiares têm a oportunidade de, nestas paragens, fazer visitas e entregar mais alimentos e roupas para prosseguirem a sua caminhada. Além disso, algumas pessoas das freguesias oferecem os jantares e almoços aos romeiros.
Também, durante o seu percurso, os romeiros rezam o terço e entoam várias rezas como o hino de Nossa Senhora (Avé Maria).
Cada romeiro apresenta um traje típico e coberto de elementos, tais como: um xaile pelos ombros, um lenço ao pescoço, uma saca ás costas, um terço e um bordão na mão.
Quando em marcha, o grupo adota uma formação com 3 alas, que as alas dos lados são compostas pelos romeiros, à frente de cada ala um guia e na ala do meio o mestre, o contramestre, o lembrador das almas, o procurador das almas e o cruzado.
Esta tradição ocorre desde o início até ao fim da Quaresma.