A ilha de Santa Maria é conhecida como ter nascido duas vezes. Há cerca de oito milhões de anos a pequena ilha de Santa Maria foi formada a partir de um vulcão nas profundezas marinhas, mas desapareceu nas águas. Após uma violenta erosão a terra voltou a ficar completamente submersa e, nessa altura, acumulou-se uma camada espessa de sedimentos marinhos. Posteriormente houve várias erupções que provocaram o reaparecimento da ilha à superfície.
Santa Maria é a ilha mais antiga do Arquipélago dos Açores e, para além disso, é a que está há mais tempo sem atividade vulcânica, mais concretamente há cerca de dois milhões de anos, sendo essa a razão de ser a única ilha com rochedos calcários onde estão escondidos os fósseis marinhos, que são os verdadeiros tesouros para os paleontólogos, geólogos e biólogos que os identificam, datam e catalogam. Vários organismos marinhos como moluscos, crustáceos, corais, cetáceos, algas do mar viveram na ilha em eras diferentes e acabaram por se transformar em animais de pedra, estando espalhados pelas 20 jazidas de Santa Maria, como a Pedra-Que-Pica, que foi formada, aproximadamente, há cinco milhões de anos.
A verdade é que os fósseis de Santa Maria vieram a adquirir um relevo internacional na área de Paleontologia devido aos investigadores da Universidade dos Açores, mais especificamente a partir da fundação, em 2002, de um grupo de investigação com sede no Departamento de Biologia – MPB – Marine PalaeoBiogeography working group. Para além disso é uma atração turística da ilha e é importante, numa visita a Santa Maria, ficar a conhecer esses fósseis que tornam a história da ilha tão peculiar.
Os famosos fósseis de Santa Maria deram, então, origem a doçaria regional com forma de fósseis: a concha, o búzio, o dente de tubarão e umas bolachas redondas que imitam os fósseis com conchas. O projeto foi criado pela pastelaria “A Cagarrita”, tendo como proprietária Rosa Cabral que não teve receios em meter em prática um projeto que já estava a ser pensado há muito tempo. Os turistas já procuram esses produtos nas suas viagens a Santa Maria como forma de levar uma recordação dos fósseis da ilha.