Os Açores situam-se no centro do vasto Oceano Atlântico. É nesse espaço insular, composto por nove ilhas vulcânicas, que passam várias espécies de cetáceos, entre elas a majestosa baleia. No mundo, estão registadas 81 espécies de cetáceos, sendo que nos Açores estão identificadas 28 dessas 81 espécies.
A indústria da baleia foi introduzida, nos Açores, através de raízes americanas. A caça à baleia, mais especificamente ao cachalote, iniciou-se no séc. XVIII. Os norte americanos, de New England, com navios veleiros denominados de baleeiros yankees, foram os primeiros a caçar baleias em águas açorianas. Depois de caçadas, toda a matéria do animal era transformada e utilizada.
A escolha da espécie a ser caçada, neste caso o cachalote, deveu-se muito ao facto de o cachalote, depois de arpoado e morto, permanecia-se a flutuar nas águas do mar. Essa constatação permitia que o animal fosse rebocado para a costa da ilha onde, de forma mais fácil e eficaz, depois seguia para o seu devido processamento.
A gordura era transformada em óleo e este era exportado para o estrangeiro para ser usado como combustível e lubrificante. Também era utilizado na indústria farmacêutica e cosmética, no fabrico de sabonetes e no fabrico de perfumes. Quanto aos ossos, estes eram transformados em farinha, que tanto serviam como fertilizante ou ração para o gado. Se no interior do cachalote fosse encontrado âmbar, a caça ainda tinha mais valor, pois este é um produto de alguma raridade e o seu valor comercial é elevado.
Os baleeiros eram agricultores durante todo o ano e, só nos meses de passagem de cachalotes, é que se dedicavam à caça da baleia.
Quando os cachalotes era avistados por um vigia – pessoa que ficava num mirante a avistar o mar -, este soprava um búzio ou lançava um foguete e os homens corriam para o porto para preparar os botes baleeiros e iniciar a caça. O bote baleeiro açoriano, de inspiração americana, é uma embarcação única e bela devido à sua construção aerodinâmica.
A caça à baleia vê o seu término na década de 80 de 1900. Em 1989, através da Convention on the Conservation of European Wildlife and Natural Habitat, foi criada a regulamentação que proibiu a captura de espécies de mamíferos em Portugal. Assim nasce o Whale Watching. Desta forma, foi permitida manter viva a cultura da baleia nos Açores. Esta é uma das atividades que mais tem crescido e já se tornou num dos símbolos da cultura açoriana. Os botes baleeiros foram recuperados, as fábricas transformadas em museus e as zonas de vigia da baleia ainda são usadas com o mesmo fim.