Os Açores são 9 ilhas com um passado histórico extenso, rico e muito interessante. Cada ilha apresenta as suas particularidades, tendo sido descobertas e povoadas em alturas distintas. Neste sentido, cada uma das ilhas do arquipélago dos Açores conta uma história diferente, fique por aí e conheça brevemente o passado histórico de cada uma delas.
Os Açores, historicamente, entram no mapa da Europa na altura da epopeia marítima portuguesa. Em 1427, a mando de D. Infante Henrique, os descobridores portugueses localizaram os Açores. No entanto, as Flores e o Corvo apenas entram no panorama desta descoberta 25 anos depois, no ano de 1452.
Diogo Alves e Gonçalo Velho Cabral foram apontados como os principais e primeiros descobridores do conjunto insular. Apesar de tudo isto, apenas em 1431 e 1432 é que se deu a humanização do arquipélago com o primeiro envio de animais. Apenas em 1439 é que se deu o primeiro envio de colonos, na demanda de povoar o arquipélago.
O povoamento foi desfasadamente feito ao longo dos séculos, sendo assim no séc. XV povoou-se o Grupo Oriental e Central e no séc. XIV o Grupo Ocidental.
Santa Maria
A descoberta da ilha de Santa Maria é hoje ainda uma incógnita, no entanto acredita-se que tenha sido descoberta por navegadores portugueses entre 1427 e 1432, tendo sido a 1ª ilha a povoada.
Importa referir que grande parte dos navegadores portugueses provinham do Algarve, tendo começado a sua fixação na costa norte da ilha em 1439.
É nesta altura que a ilha regista um grande desenvolvimento e, consequentemente, fruto desse desenvolvimento o primeiro foral de Vila nos Açores foi atribuído à localidade de Porto. Ainda hoje essa zona é denominada de Vila do Porto.
Em 1493, no regresso da primeira viagem à América de Cristóvão Colombo, ele e sua tripulação desembarcaram na baía dos Anjos e assistiram a uma missa na terra de modo a cumprir uma promessa feita em alto mar.
Mais tarde, entre o séc. XVI e XVII, a ilha de Santa Maria foi alvo de ataques de piratas e corsários numa tentativa de saquear os bens da Vila do Porto. Hoje resta nesse local o Forte de São Brás que muito foi importante na defesa de Vila do Porto.
São Miguel
A ilha de São Miguel foi a segunda a ser descoberta, em 1427. Em 1440 foi povoada sob a liderança de Gonçalo Velho Cabral e a mando do rei de Portugal, sendo que os seus primeiros povoadores eram oriundos do Alentejo e Estremadura. Posteriormente, é que surgiram comunidades de Mouros, Judeus e estrangeiros de França e Inglaterra.
A posição geográfica da ilha e a fertilidade dos seus solos acabaram por contribuir para uma rápida expansão económica, que se centrou na produção de trigo, cana de açúcar e das plantas tintureiras do pastel e da urzela, produtos esses que eram exportados.
Em 1546 Ponta Delgada torna-se cidade devido ao terramoto sentido em Vila Franca do Campo, em 1522. São Miguel volta a deter a sua posição como centro comercial com a Restauração da Independência em 1640, desenvolvendo contatos com o Brasil para onde seguiram várias colónias de emigrantes.
Foi no séc. XVIII que se registou um grande fluxo de construções, desde solares a templos, com a chamada “Arquitetura da Laranja”. Este acontecimento foi fruto da grande produção de laranja que se fez sentir em São Miguel e, como a sua produção excedia a quantidade consumida no arquipélago, estas foram exportadas para Inglaterra. Dessa troca comercial, muitos hábitos ingleses foram adquiridos e ainda hoje é possível visualizar esses traços arquitetónicos.
Terceira
Como o seu nome indica, esta foi a terceira ilha a ser descoberta no arquipélago dos Açores. A sua descoberta aconteceu no decorrer dos descobrimentos a caminho da Índia e da América.
O seu povoamento deu-se em 1449 a mando de Infante D. Henrique, mas apenas a partir de 1470 é que se sucede o povoamento efetivo nas zonas centrais de Praia da Vitória e Angra do Heroísmo.
Em 1534 deu-se a primeira povoação dos Açores a ser elevada a cidade, sendo que no mesmo ano Papa Paulo III escolheu a mesma para sede do bispado. Durante o domínio filipino que se fez sentir em Portugal Continental, a Terceira foi um grande pilar na resistência desse domínio, tendo sido a última terra do território português a ceder a soberania espanhola.
Durante o reinado de D. Pedro IV, a ilha Terceira funcionou como base para organizar a reconquista do trono e consolidar a monarquia constitucional, daí a nomeação de Angra do Heroísmo como capital de Portugal.
A Terceira teve um papel extremamente relevante no entreposto marítimo das rotas das Índias, ganhando assim importância devido ao comércio de ouro mexicano e peruano que vinha nas armadas espanholas em direção a Cadiz. É de realçar que durante todo este período Filipino as relações da ilha com o império espanhol foram sendo privilegiadas e importantes.
Graciosa
O ano de descobrimento da ilha Graciosa continua a ser uma incerteza, no entanto acredita-se que tenha sido descoberta com todas as ilhas do Grupo Oriental e Central, em meados de 1450.
Acredita-se que a primeira chegada à ilha branca tenha sido feita por marinheiros vindos da ilha Terceira, sendo que o primeiro povoador foi Vasco Gil Sodré, na zona de Santa Cruz, e por Duarte Barreto na zona da Praia.
Desde o início que o forte da Graciosa é a agricultura e o plantio da vinha, sendo que deste modo a Graciosa dedicou-se à exportação de trigo, cevada, vinho e aguardente para a ilha Terceira.
No séc. XVI, o século de ouro português, pôde-se ainda ver alguns exemplares de arquitetura Manuelina, como o batistério da Igreja Matriz e a ábside da ermida de Nossa Senhora da Ajuda. No final desse século e no início do séc. XVII, a ilha Graciosa enfrentou um período complicado que foi causado por um ataque de piratas e corsários que levou à construção de fortificações ao longo da ilha para a sua devida defesa.
O escritório Almeida Garret, ao visitar o tio em 1814, escreveu os primeiros versos reveladores do seu talento como poeta, na ilha da Graciosa.
São Jorge
Pensa-se que a descoberta da ilha de São Jorge tenha sido em conjunto com as restantes ilhas do Grupo Central. Em 1439 deu-se a primeira referência a São Jorge, sendo que tudo indica que o seu povoamento tenho sido em 1460. No ano de 1464 já estavam formados os principais núcleos populacionais, à exceção do Topo onde só se inicia em 1470, com a vinda de Guilherme Van Der Haegen à ilha.
A economia teve como principais motores a agricultura do trigo, do milho e dos inhames, sendo estes produtos complementados com a produção de vinho. Importante também eram o pastel e a urzela, que eram maioritariamente exportados para a Flandres. A este período de trocas com a Flandres está associado a produção do Queijo de São Jorge. Como estes foram alguns dos povoadores da ilha, pensa-se que terão sido os flamengos a deixar a cultura da produção do queijo na ilha das fajãs.
No séc. XVIII a Vila das Velas sobre um assalto por corsários franceses.
Pico
A ilha do Pico foi, provavelmente, descoberta em 1427 ao mesmo tempo que as restantes ilhas do grupo Central e Oriental. O seu nome provém do ponto mais alto do território português, a montanha do Pico.
As erupções vulcânicas deram origem a alguns acontecimentos misteriosos, a que a população chamava de “mistérios”. A presença dos baleeiros da América e a presença de muitas espécies desse mamífero no mar que circunda as ilhas, fez com que se descobrisse uma nova atividade mercantil na ilha, a caça ao cachalote.
A caraterística trabalhadora do povo picaroto fez com que os imensos campos de lava que a ilha possuía fossem transformados em vinhas. O verdelho do Pico atingiu a fama internacional e chegou, inclusive, às mesas dos czares da Rússia.
No séc. XIX, assiste-se ao fim dessa era do vinho verdelho devido á doença oídio e filoxera que destruiu as vinhas. Este acontecimento leva a que a população da ilha abandone o território e emigre rumo ao Brasil e América do Norte.
No séc. XX, surge um surto de desenvolvimento económico, tornando possível a instalação de portos e aeroportos, e dessa forma pôde-se retomar à recuperação das vinhas.
Em 2004, no séc. XXI, a Paisagem da Cultura da Vinha do Pico foi elevada ao estatuto de Património Mundial pela UNESCO.
Faial
Em meados de 1460 a ilha do Faial começou a ser povoada, sendo que 8 anos mais tarde um grupo de Flamengos, capitaneado pelo fidalgo Josse Van Huerter estabeleceu-se no Faial.
A ilha denominou-se de Faial porque à chegada dos primeiros descobridores avistou-se em abundância faias-da-terra (morella faya).
Em 1490, a comunidade Flamenga já englobava 1500 pessoas, mas a população portuguesa era superior. A freguesia de Flamengos assinala o lugar onde primeiramente se estabeleceram.
No séc. XVIII deu-se o desenvolvimento da caça à baleia que acaba por trazer à Horta as conhecidas frotas baleeiras, que se abrigam no Porto Pim para refrescar as tripulações e engajar arpoadores e remadores açorianos.
Flores
Oficialmente, a ilha das Flores foi descoberta em 1452 por Diogo de Teive e seu filho João de Teive. Não foi, de todo, fácil povoar esta ilha devido ao seu isolamento e condição periférica, originando um abandono da ilha durante alguns anos.
Este isolamento também afetou a exportação da planta tintureira denominada de “pastel” para a Flandres, causando a saída de Guilherme Van der Haegen da ilha, visto que tinha tentado uma experiência de curta duração de povoamento nas Flores.
Em 1475 a ilha ganhou o nome atual devido à abundância de flores existentes na mesma. Em 1504 acontece o seu povoamento definitivo com colonos do reino, muitos vindos da Terceira e da Madeira.
No ano de 1515, as Lajes sobem a Vila, e em 1548 o mesmo acontece com Santa Cruz.
Corvo
A descoberta da ilha do Corvo aconteceu simultaneamente à descoberta da ilha das Flores, no entanto foi povoada em 1548, após várias tentativas sem sucesso.
Foi primeiramente denominada por Insula Corvi Marini e também foi conhecida por se chamar a Ilha de Marco ou ilhéu. A sua reduzida dimensão e isolamento levou a que a sua população se servisse da área agro-pastoril, com caraterísticas muito próprias.