O Natal, para além de ser um feriado religioso que simboliza o nascimento do menino Jesus, é uma altura especialmente dedicada à reunião da família e dos amigos.
Existem várias tradições alusivas ao festejo desta bela época do ano, porém “O Menino Mija” é capaz de despertar alguma curiosidade. Entre o dia 24 de dezembro e o dia 6 de janeiro (Dia de Reis) vários grupos de homens e mulheres andam de casa em casa visitando os seus familiares e amigos, visita esta marcada essencialmente pela de prova doces e licores tradicionais, da época e da região. As pessoas que esperam pelas visitas expõem na mesa de suas casas tudo o que de melhor têm para oferecer. Estes convidados, inesperados ou não, antes de entrarem na casa que vão visitar perguntam “o menino mija?”. Esta expressão significa, automaticamente, que estão à espera de provar uns saborosos doces de Natal e beber uns “calzins” – expressão açoriana para beber copos de bebidas alcoólicas.
Mas a expressão significa muito mais do que isso. Significa que as pessoas estão sempre prontas para receber os seus entes queridos, abrindo as suas portas e partilhando tudo o que têm nesta época natalícia. Há sempre algo a oferecer. Licores, figos passados, laranjas, torrão de amendoim, coco, caioca (caiota) com casca de tangerina e ainda os típicos “chocolatinhos” e bolo de natal. A presença dos citrinos (laranja e tangerina), para além de ser um ótimo acompanhante depois daquele “calzim” mais forte, passa pela importância que estes produtos tiveram durante o ciclo da laranja, em meados de séc. XVIII e XIX, na economia dos Açores.
Muitas pessoas têm ainda a tradição de produzir os seus próprios licores e aguardam por esta época para dar a provar às outras pessoas. Licores de café, tangerina, leite, maracujá, amora e de aniz são alguns dos mais populares.
É uma tradição autêntica e que bem demonstra o sentido de fraternidade e partilha dos açorianos.