Ao longo dos anos os povoadores açorianos desenvolveram contos na tentativa de explicar a formação de algumas das suas mais estonteantes paisagens, que haviam sido criadas por atividade vulcânica, como é o caso da Lagoa das Furnas. Estas histórias tornaram-se tradições populares passadas de geração em geração. Uma destas lendas mais conhecidas é a Lenda da Lagoa do Fogo.
Conta esta lenda que no atual local da lagoa situava-se uma pequena e bonita aldeia, que, apesar de pouco trabalhar, era muito feliz. Aqui davam-se festas sem fim e todas as pessoas vivam em harmonia.
Certo dia um rapaz da aldeia saiu para ir buscar água como era de costume. No entanto, desta vez a água sabia-lhe salgada, semelhante a água do mar. O rapaz tomou isto como presságio de que algo terrível ia acontecer à aldeia e apressou-se para avisar os seus habitantes. Todavia, ninguém acudiu ao seu apelo.
Alguns dias depois, o rapaz regressou à nascente e reparou que os peixes que nela nadavam estavam a saltar para a terra, acabando por morrer. Convencido do seu presságio, o rapaz voltou a avisar a sua aldeia, embora em vão, pois apenas o seu avô acreditou.
Juntos, o rapaz e o avô subiram os montes até chegarem ao mais alto e avistaram, entre as brumas, uma ilha nova no horizonte. Era a ilha Encantada das Sete Cidades, acreditavam estes. Apavorados, foram os dois avisar toda a aldeia que desgraça certamente viria. Ora, da mesma maneira que haviam reagido aos primeiros avisos, os aldeões ignoraram as notícias, escolhendo continuar as suas festas.
Então, o rapaz e o avô esperaram e, uns dias depois, saíram da aldeia rumando a uma outra população vizinha, com o objetivo de vender gado. Estes demoraram alguns dias na sua viagem.
Quando regressaram depararam-se com uma mudança incrível. A aldeia desaparecera e lá encontrava-se agora uma lagoa de águas cristalinas. Reza a lenda que os aldeões ainda hoje vivem debaixo da lagoa e que as bolhas de gás vulcânico são as pessoas a cozinhar.